Workshop de Agachamento, Supino e Peso Morto

No passado dia 15 de Julho, realizei um workshop na PT Academy em Vila Real, intitulado de “Como melhorar o teu agachamento, supino e peso morto”.

Apesar de eu estar ligado ao Powerlifting, modalidade onde se realizam estes 3 movimentos, optei por generalizar mais a formação, pois o público do workshop era ligado ao crosstraining.

De forma generalizada abordei os seguintes conteúdos:

  • Explicação da modalidade e do seu funcionamento (o que é?, federações, recordes)
  • Pequena introdução teórica aos movimentos e ao spotting (técnicas de ajuda aos movimentos)
  • Explicação prática das principais técnicas (set up, unrack, posição de segmentos, etc)
  • Execução prática de todo o público do workshop (correcções, feedbacks e ajustamentos)
  • Realização de um WOD (EMOM 10′), em que o principal foco foi a técnica:
    • 8x Peso Morto Convencional ou Sumo
    • 10x Agachamento c/barra de 15kg ou 15x Box Jump (alternar entre os dois)

Apesar de o público ser bastante heterogéneo, pessoas que nunca tinha feito os movimentos a pessoas já com alguma experiência, o evento foi muito positivo e os participantes aprenderam algo que podem aplicar nos seus treinos. É de salientar o bom trabalho que o professor Filipe Rodrigues tem feito com estes alunos. Quanto a mim, espero futuramente fazer a 2ª parte, pois 120 minutos é pouco tempo para se aprender 3 movimentos tão complexos quanto estes

Algumas fotos do workshop:

Este slideshow necessita de JavaScript.

Falsas imagens no mundo do fitness

Hoje em dia assistimos no mundo do fitness a um fenómeno que tem vindo a crescer. Esse fenómeno chama-se: Imagem, ou melhor, deveria chamar-se de falsa imagem.

Com a possibilidade de acesso à informação que a última década nos tem proporcionado, o conceito de “professor” caiu em desuso. Senão vejamos um exemplo realista do que se passa:

Uma pessoa inscreve-se no ginásio com o objetivo de aumentar a sua massa muscular. Antes mesmo de fazer o primeiro treino vai à internet e pesquisa “melhores exercícios para aumentar a massa muscular”. Depois do professor do ginásio lhe fazer o plano de treino, esse plano irá certamente parar à internet, em algum fórum, a pedir opiniões a pessoas sem qualquer formação na área. Essa pessoa acaba por acreditar mais no que “estranhos” lhe dizem na internet do que no plano de treino que lhe foi atribuído, preferindo então treinar por ela própria.

Onde está o problema? Na pessoa que foi à net fazer umas pesquisas, ou no “professor” que fez o plano?

Eu diria que a culpa é essencialmente nossa, mas principalmente das falsas imagens que se têm vindo a criar.

Na internet imensas pessoas sem qualquer formação na área de desporto opinam como se fossem os maiores especialistas do mundo, por vezes até são seguidos por milhares de pessoas nas redes sociais, não porque tenham competências para isso, mas porque têm o corpo que toda a gente queria ter (90% das vezes à custa de métodos não naturais), dizem o que as pessoas querem ouvir e fazem publicidade como ninguém consegue fazer. É cada vez mais frequente aquele actor, modelo ou “atleta” que sem qualquer conhecimento começa a treinar pessoas. A seguinte imagem ilustra bem o que pretendo transmitir:pt3A nossa função é impedir que este tipo de “PT’s da net” sejam mais ouvidos do que nós e isso só se consegue com uma coisa: conhecimento. O conhecimento é algo que é cada vez mais limitado nos profissionais do desporto, muitos porque acham que o que aprenderam na licenciatura é suficiente e lhes chega para a toda vida, outros porque se conformam.

Outra coisa que temos de mudar é deixar de ser instrutores, para passar a ser mais professores. Com isto quero dizer que o cliente atual pode perfeitamente trazer um plano que tirou da net e começar a treinar sem qualquer conhecimento técnico e nesse caso seremos apenas instrutores que vão dar pequenas instruções aquela pessoa que está a treinar. O que nos devemos realmente preocupar é em sermos professores e tentar transmitir conhecimento aos nossos clientes para que eles possam ganhar autonomia para treinar de uma forma correta e segura ao invés de sermos um instrutor que diz ao cliente para fazer 3 séries de 10 de um exercício qualquer, de preferência realizado numa máquina para assim explicar como se faz e poder abandonar o cliente. Depois o cliente farta-se do ginásio e vai procurar outro, e embora tenha frequentado o ginásio do “instrutor” durante 2 ou 3 meses, ainda não tem autonomia para treinar.

Esta é a única variável em que podemos mexer, pois haverá sempre pessoas sem perceberem nada do assunto a serem seguidas e a opinarem. Devemos despender mais tempo a aumentar o nosso conhecimento, para poder transmiti-lo e ensinar os nossos clientes a treinar, para que os clientes deixem de olhar para nós como instrutores e passem a olhar para nós como professores.

Por último, outra questão que pretendo abordar é acerca dos profissionais do fitness que têm um conhecimento bastante reduzido, mas que sabem vender bem a sua imagem. Têm o dom da palavra, fazem dinheiro a dar workshops sobre assuntos que não dominam nem têm competência para ensinar, alguns até são formadores em algumas entidades reconhecidas. Este tipo de pessoas passam uma falsa imagem daquilo que um profissional do fitness deve ser. Nós só podemos ensinar a cobrar dinheiro, algo que dominamos na perfeição. Se é algo que dominamos razoavelmente devemos ensinar de forma gratuita. Se é algo que não dominamos, devemos ter vergonha na cara em não fazer dinheiro com isso e procurar aprender com os melhores.

A título de exemplo, uma vez queriam-me ensinar a técnica do agachamento, segundo o profissional em questão, a técnica perfeita. Em 1º lugar não existem técnica perfeita e em 2º lugar, essa técnica perfeita era um agachamento high-bar mal feito, quando eu faço low-bar, pois esta técnica permite mover mais peso, por questões biomecânicas (futuramente falarei nisto). O pior de tudo era a pessoa nao saber a diferença entre estes dois tipos de agachamento, nem estar familiarizado com os termos.

Isto é claramente o exemplo de alguém que quer ensinar algo que não domina. Se queremos ser bons profissionais, não podemos seguir este exemplo. Devemos procurar o conhecimento, adquiri-lo, transmiti-lo e essencialmente ensinar as pessoas a treinar, para que não seja necessário apostar na imagem e o nosso conhecimento e aquilo que ensinamos, possa falar por nós. Os clientes devem procurar aquela pessoa que é um professor para elas e que as ensina realmente a treinar e a ser autónomas. Só assim acabaremos com as falsas imagens que se criam no mundo do fitness.